O marketing para mulheres precisa trazer uma representação de igualdade e diversidade entre elas, além de evitar erros nocivos que antes eram comuns.
Por muitos anos, as marcas investiram no marketing para mulheres com campanhas que não lhes dão o devido valor e representatividade real. Desse modo, é preciso entender a forma certa de colocá-lo em prática, além de quais erros não se deve cometer nele.
O marketing para mulheres requer uma estratégia diferente?
Criar marketing para mulheres exige uma estratégia que as façam se sentirem realmente representadas. Pois, ao longo de muitos anos, o mercado ditou um estereótipo de como deveria ser a aparência delas de acordo com um padrão da sociedade.
Segundo uma pesquisa feita pelo SPC Brasil, as mulheres não concordam que a publicidade as representem. Assim, 58,5% delas afirmam que ela não retrata a realidade pelos seguintes motivos:
- 32% sente incômodo com a forma que as mulheres são objetificadas e sexualizadas;
- 30% não gosta da imagem de mulheres perfeitas que as marcas criam;
- 60% acredita que o corpo das mulheres nas propagandas foge da realidade.
O resultado dessa inconformidade é que a publicidade perdeu o impacto que tinha sobre elas, nesse sentido, não dão mais muita credibilidade para as propagandas. Além disso, não as veem com um sentimento de novidade e nem conseguem se lembrar muito delas.
A pesquisa do SPC também cita que os ramos de cerveja, moda, automóveis e beleza são os que mais causam problemas no marketing para mulheres.
Mulheres independentes
Hoje em dia, o público feminino deseja ver mais mulheres independentes e sem um padrão estético de cinema e TV. Bem como, dinâmicas, inteligentes e retratadas como profissionais de tecnologia, que em sua maioria são representados por homens.
Errar em como elaborar um bom marketing para mulheres é mais prejudicial do que parece, porque não tem a ver com simplesmente agradar um público-alvo. Mas com perder um grupo de pessoas com muito valor e grande poder de consumo.
Por esses motivos, a estratégia de campanhas com foco no público feminino precisa ser diferente, com maior valorização e reconhecimento.
O que se deve usar ou não no marketing para mulheres?
De modo geral, o marketing para mulheres deve tratá-las como consumidoras normais e ter uma publicidade mais digna delas. Igualmente, existem algumas práticas que não podem ocorrer e devem mudar o quanto antes, agora, confira 4 delas a seguir.
1- A ideia de nicho
Primeiramente, é errado pensar nas mulheres como um dos tipos de personas, pois nem todas elas pensam igual e nem possuem os mesmos interesses. Aliás, muitas consomem produtos que o mercado julga como destinados apenas aos homens, por exemplo:
- cerveja;
- automóveis;
- produtos do setor de tecnologia e games.
Mesmo as marcas que tem como foco o público feminino, como de cosméticos e produtos de higiene, erram ao vê-las como uma categoria só.
Assim como qualquer pessoa, as mulheres são complexas e com os próprios gostos. Ou seja, nem todas elas vão gostar de uma certa maquiagem ou produto feito para elas, por exemplo, logo, a persona das empresas deve seguir isso.
Para ilustrar melhor essa questão, abaixo você vai encontrar alguns exemplos de marcas que acertaram em campanhas de publicidade e abriram espaço para essa discussão.
Avon
Em uma de suas propagandas, a Avon trouxe a ideia de que não são só as mulheres que usam maquiagens. Dessa forma, conseguiu atingir um público com ideais mais modernos, além de demonstrar apoio e dar visibilidade às causas.
Quem Disse Berenice
A marca Quem Disse Berenice fez uma publicidade em que tratou a diversidade de gostos e estilos entre as mulheres de um modo natural e verdadeiro. Então, representou literalmente na prática como é preciso vê-las como os seres únicos que são, isto é, além do seu sexo.
The National Lotery
A campanha da The National Lotery com o nome de This Girl, inovou ao mostrar mulheres em atividades físicas da forma como é na realidade. Quer dizer, com suor, movimento e outros detalhes que vão contra à foto perfeita que se encontra no Google Imagens.
2- Por que o marketing para mulheres não deve ter objetificação?
A objetificação no marketing para mulheres traz a noção de que o sexo vende, o que é um equívoco enorme. Bem como, o pensamento de que colocá-las nuas ou seminuas é uma maneira eficiente de atrair a atenção dos consumidores.
Uma cultura de opressão
A realidade é que essa prática representa uma cultura de opressão, aliás, a atenção que esse tipo de publicidade atrai é negativa. Pois não aumenta as vendas, apenas contribui para a sujar a imagem das mulheres e tratá-las como um objeto descartável.
3- Nada de estereotipar
Como já foi dito nos tópicos anteriores, as mulheres não são iguais e enxergá-las com um estereótipo é algo do passado. Nesse sentido, nem todas gostam de moda ou maquiagem, querem ser mães ou não gostam de esportes, logo, vê-las dessa forma é errado.
Um exemplo de como isso não funciona é a marca Proibida, que decidiu lançar uma cerveja feita para mulheres que seria mais doce e delicada. Como resultado, as consumidoras repudiaram a ideia, assim como o restante do público.
A concorrente Catuaba Selvagem se aproveitou da situação e fez uma campanha que fala que as mulheres tomam a cerveja que quiserem. Ou seja, o erro que a marca Proibida cometeu afetou de forma considerável o seu mercado.
Pink tax
Com relação a estereótipos, pode-se citar também o Pink Tax, que é a questão de que os produtos para as mulheres são mais caros. Aliás, nem tem a ver com a composição dos mesmos, mas apenas pela embalagem diferente, por exemplo.
Pesquisas indicam que eles custam cerca de 7% mais caro que os outros, simplesmente pela cor rosa e ter como alvo o público feminino. Desse modo, é mais um exemplo prático de como o marketing digital para mulheres enxergam elas de modo equivocado.
4- Qual a importância de entender o público feminino no marketing para mulheres?
No marketing para mulheres, acima de tudo, é essencial que se entenda o público feminino para que as campanhas sejam assertivas e verdadeiras.
Ele precisa representar o que realmente significa ser mulher, ter empatia para compreender as dores e situações diárias que ela enfrenta. Por isso, algumas marcas fizeram boas ações que trazem esse lado fundamental, confira a seguir.
Always
Na campanha Fight Like a Girl da Always, a ideia de fazer algo “como uma menina” é na verdade um insulto. Então, as mulheres se sentiram representadas e a publicidade viralizou ao trazer a discussão do tema ao público.
A marca soube muito bem utilizar o digital storytelling no marketing para mulheres, além de criar uma conexão com elas e suas vivências.
Body Form
A Body Form fez uma campanha com o tema de menstruação e retratou as mulheres de uma maneira forte, além de realista. Dessa forma, foi contra o padrão daquela publicidade que as mostram apenas felizes e sorridentes todo o tempo.
Dove
A marca Dove já tem o costume de viralizar com suas propagandas e ações que divulgam seus produtos com mulheres diversas. Ou seja, com características físicas distintas, desde o corpo até o rosto.
Na campanha My Beauty My Say, a representação inclui mulheres de mais de um país, com rotinas e idades diferentes. Assim, ela retrata fielmente como esse grupo é no dia a dia, como amigas, trabalhadoras, colegas de trabalho e sem o estereótipo de Hollywood.
Netflix
Enquanto a maioria das campanhas do Dia Internacional da Mulher costuma girar em torno de flores, chocolates e delicadezas, a Netflix seguiu outra direção.
No seu vídeo de homenagem, a empresa reuniu cenas de diversas mulheres fortes de suas séries e fugiu da ideia de sexo frágil.
Este é um exemplo prático de como a publicidade das marcas para dia 8 de março pode focar em outras questões. Além de falar de temas mais relevantes que envolvem força e resiliência para lidar com todas as situações que o público feminino enfrenta.
O marketing para mulheres está melhor atualmente?
Com os exemplos acima, percebe-se que o marketing para mulheres teve algum progresso, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
Ainda há muito preconceito com esse tema, assim como outros que têm relação com as mulheres, porque muitos dizem ser ações do politicamente correto. No entanto, isso vai muito além de apenas agradar um público, mas de reconhecer essas pessoas como são.
Valor e individualidade
É crucial que se entenda o valor que as mulheres têm para o mercado e como elas contribuem de uma forma muito positiva. Nesse sentido, ao comporem mais da metade dos brasileiros, negligenciá-las é um erro muito grande.
Deve-se fazer todo um plano de marketing para mulheres de uma forma que elas tenham uma boa representação. Bem como, possuam o devido respeito e reconhecimento como um ser humano com as próprias vontades, ideias e gostos.